quarta-feira, 26 de maio de 2010

Entrevista Lunática

Enquanto ainda não sai o video clipe da dupla Pacto Lunar fizemos uma entrevista.


Lucas Gandini

domingo, 9 de maio de 2010

A Flor da Minha Pele tem Espinhos.

Feito em um único dia, contou com a ajuda da própria diva-atriz de ocasião e do querido amigo – Rodrigo Castro – que se desdobrou como assistente de direção, produção e apoio de minhas insanidades.
Lembro que tinha recém comprado minha câmera e a intenção era de dar vazão a uma brincadeira despretensiosa – livremente inspirada na estética do FREE cinema marginal (60′s), primeiros filmes do Jonh Walters, clips dos Cramps, e principalmente, nas obras de Suzana Flag (‘o lado quente do ser’ de Nelson Rodrigues).

Insinuam que a vida é um eterno aprendizado… pois é, e aprendi com esta produça sobre a importância de só dividir seu sonho com quem realmente pretende fazê-lo.
Eu, num surto Pollyannesco, achei que um amigo quizesse edita-lo e então deixei o material bruto do trabalho – e o meu coração – em suas mãos. Afinal descobri que o amigo talvez não estivesse interessado, ou não tivesse tempo, ou não pudesse… (uma questão que só a filosofia metafísica do Gil pode responder).
Todo o material ficou restrito à ùnica versão ‘o que tem é o que há’, sem a possibilidade de re-editá-lo, finalizar o àudio, incluir lettering, etc.
No capítulo ‘como piorar o que já está ruim’, não conseguia postar o trabalho no Youtube e Vimeo, devido a problemas com o arquivo que eu desconhecia, ou codec, ou… (GIL, help-me!).
A sensação de obra inacabada deve figurar em destaque entre os piores tormentos de quem se pretende à criação artística.

Quando já desistia do filme e o aceitava como obra feita que não existe (numa certa referência aos antigos filmes de Win Wenders), eis que o meu (santo) amigo – Lucas – conseguiu incluir as legendas finais e postá-lo nos sites de hospedagem de vídeos.
O vídeo foi parido, livrei-me do fardo e finalmente pude e mostra-lo à atriz, ao assistente, e agora a vocês.

Conclusão: se não ficou como eu o idealizava – e não existindo a possibilidade de consertá-lo, resta o orgulho da participação da Sandra, o tal “eterno aprendizado” – que me possibilita virar a página e aprender com os meus erros – e tal sensação de tarefa cumprida.
Uso como desculpa o discurso de um professor, que para icentivar a produção de filmes declara:
“Faça! A perfeição não existe. Quem quer Fazer filmes perfeitos escolheu o curso errado. Perfeição é coisa de estudante de piano e crochê”.
A dedicatória ao final do filme aos realizadores – que fazem como e da maneira que podem – não é à toa.

dnsoncarne

terça-feira, 4 de maio de 2010

Natimorto



Ontem, fui à Cinemateca Brasileira assistir uma exibição do filme 'Natimorto', dirigido por Paulo Machline. Baseado num romance do Lourenço Mutarelli, o filme conta a história da relação entre uma jovem cantora (Simone Spoladore) e um agente (o próprio Mutarelli). O agente traz a cantora pra São Paulo para apresentá-la a um maestro mas ao mesmo tempo ele propõe um acordo a ela: morar junto com ele em um hotel por 5 anos, sobrevivendo através das economias dele. Incapaz de abandonar o mundo da forma que ele deseja, a cantora faz uma mudança ao acordo, deixando ela sair durante o dia enquanto ele permanece trancado sozinho no quarto, a qual ele aceita. O que segue é a deterioração da relação entre os dois, a dementia que enlouquece e enfraquece o agente e que o deixa mais distante da realidade, seu único contato com o mundo se afastando dele pouco a pouco.
Fãs do Mutarelli e especificamente de sua obra ficarão felizes com o filme pois ele é muito fiel ao romance. Num debate que seguiu o filme, presenciado pelo diretor e sua equipe técnica, Machline contou como sua referência principal para o roteiro e elementos da arte como cenografia e figurino foi a obra em si. O filme se passa quase todo dentro do quarto de hotel onde o agente está vivendo, um espaço que foi construído num estúdio para ter domínio criativo total, não só pra equipe de arte mas também pra equipe de fotografia. Com tantos diálogos longos em um ambiente fechado, seria muito fácil para o filme simplesmente virar uma peça de teatro filmada, o que não aconteceu graças ao fotógrafo Lito Mendes da Rocha e sua equipe. Apesar de utilisar uma fotografia minimalista, Rocha aproveitou bastante o espaço para obter ângulos e enquadramentos interessantes e diferentes, muitas vezes refletindo as ângustias dos personagems.
Teve um elemento do filme que no começo achei um pouco fraco mas que no fim foi compensado: a atuação. Me pareceu que no começo do filme, ambos protagonistas pareciam muito duros, como se eles estivessem simplesmente falando textos decorados e não vivendo seus personagems, principalmente no caso do Mutarelli. No debate, o diretor esclareceu que originalmente o ator escolhido pro papel do agente foi o Marco Ricca mas que ele teve que sair por causa de outros compromissos. Faltando algumas semanas para o início das filmagens e sem ator principal, o Mutarelli se ofereceu e Machline aceitou. Ele conta como foi difícil convencer os produtores, e quando assistimos o começo do filme, entendemos por que. Mas quando chega ao ponto da loucura do agente, com certeza não há ninguém que poderia interpretar o personagem tão bem quanto o Mutarelli; ou seja, no fim valeu a pena.
O que mais me impressionou sobre o debate foi a honestidade de todos ali, tanto do Machline aceitando críticas da atuação mas justificando elas como do fotógrafo descrevendo seu processo criativo. Muitas vezes, iluminação ou planos e enquadramentos foram escolhidos na hora, organicamente. Não teve uma têse desenvolvida durante meses, foram decisões que faziam sentido pro filme e que surgiram pela necessidade. E como todos lá na sala viram, a necessidade trouxe com ela a inspiração.
Infelizmente o filme ainda não tem data prevista pra entrar em circuito comercial por falta de distribuição. Imagino que deve ser difícil veícular um longa sem atores famosos, com temas pesados e deprimentes, e sobretudo, com um título como 'Natimorto'. Mas espero que este filme consiga distribuição logo pois ele merece muita atenção. Por enquanto, lhes ofereço o trailer do filme.

Lourenço Barsi-Gomes